quinta-feira, 17 de abril de 2008

Depois de Tim, o Roberto.

por Thaís Cunha

Deram motivo e Tim(othy Mulholland) foi embora. Se queria sossego, talvez isso demore um pouco. Em seu lugar, temporariamente está Roberto (Armando Ramos Aguiar). Como vai ele? Precisamos saber da sua vida? Mas é claro. São tantas emoções...
Nascido em 1940, tudo indica que Roberto Aguiar esteja na UnB em missão de paz, como todos os ocupantes. Foi comendo goiabas em sua fazenda que recebeu do Ministro da Educação a ligação que o convidava a ser reitor da Universidade de Brasília. Em reunião no último dia 16 o professor de Filosofia do Direito confessou ter caído de pára-quedas na reitoria, que, por enquanto, segue a decoração, a política e a cara dos estudantes. Entretanto, a história de Roberto Aguiar vai além das negociações com os Jovens (nada Guardas).
Nomeado reitor para os próximos 180 dias, Roberto Aguiar ingressou na UnB no dia 30/6/1989, quando nossos calouros do PAS davam os seus primeiros suspiros que, dezoito anos depois seriam transformados em gritos de guerra que derrubaram Timothy Mulholland. De lá pra cá, publicou diversos livros, aprendeu a compreender inglês, francês, espanhol, italiano, português e latim e, sobretudo, a compreender esses mesmos estudantes que pedem por eleições diretas e paritárias para reitor e comissão paritária para elaborar um novo estatuto para a universidade.
Falando, em estatuto, Roberto Aguiar elaborou o seu próprio ao assumir por nove meses a secretaria de segurança do Rio de Janeiro. O pepino foi normatizado por dez mandamentos publicados em 2002 na revista Veja-Rio:
OS DEZ MANDAMENTOS DE ROBERTO AGUIAR
1. Mais inteligência e menos tiros. Policiais têm de saber investigar, negociar e abordar.
2. Treinar o uso de armas. Quem atua em áreas de conflito precisa saber como, quando e onde atirar.
3. Equipar a polícia técnica. Hoje, menos de 10% dos homicídios têm solução. Falta perícia.
4. Integrar as polícias em rede. Os PMs perdem tempo nas delegacias registrando ocorrências. É preciso agilizar o processo e liberar a turma para a rua.
5. Mapear a violência, localizando os crimes geograficamente, para orientar ações específicas.
6. Trabalhar com a população, criando uma estrutura para atender às demandas dos conselhos comunitários de segurança.
7. Mudar a metodologia das estatísticas, acusadas de mascarar a realidade.
8. Intensificar o policiamento nas áreas de risco (Tijuca, Zona Oeste e Baixada Fluminense).
9. Levar para outras áreas a experiência de policiamento comunitário dos morros do Cantagalo e Pavão-Pavãozinho, onde a violência caiu e a relação com a polícia é pacífica.
10. Valorizar o policial. Em vez de apenas punir quem erra, ajudá-lo a aprender.

Com isso, ele acreditava conseguir conduzir a sua gestão com mais inteligência e menos tiroteio.
Para os que se assustaram ao ler na manchete do jornal que o nosso novo reitor foi secretário de segurança, está assegurado que Roberto veio em missão de paz. Quando foi secretário de segurança em Brasília, no governo de Cristovam Buarque, em 1996, Roberto Aguiar conseguiu reduzir a violência no trânsito. Nesse caso, possibilidades de violência no campus são remotas, porque, além de tudo, Roberto Aguiar já recebeu prêmio como jurista da área de direitos humanos.
Roberto já descobriu os sete mares e ainda quer navegar nesse Tsunami no mar. Já Tim acrescenta no seu currículo que o importante foi que emoções ele viveu. Alguns papéis estão trocados na Universidade de Brasília, mas isso aí já não é da minha conta. Nem da minha, nem da Finatec, nem da Funsaúde.

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